LANÇAMENTO (2008)





HORROR E BELEZA

A obra de arte pressupõe e compõe-se de tema (estória, conteúdo e sentido) e de forma. De valores distintos. Não basta aquele ser pertinente, profundo e adequado para a configuração artística, que só se perfaz por meio do tratamento estético a que submete o argumento. Arte, pois, é forma. Quaisquer sejam o trama e sua qualificação intrínseca e destinação extrínseca.Paulo Lima em Guerra/Paz elegeu esse motivo, como poderia ter elegido qualquer outro. Porém, como contemporâneo, na juventude, do maior conflito bélico da História, a Segunda Guerra Mundial, e, daí em diante, na maturidade, convivendo com a Guerra Fria, a ameaça atômica e acompanhando guerras regionais de largas proporções e influências (as dos Estados Unidos contra a Coréia e o Vietnã, por exemplo), a questão o haveria de preocupar e ocupar, como, aliás, a todo individuo atento e responsável.No caso, o assunto não é visualizado linearmente, com desenhos e enfoques comuns, mas, sob formulação prismática elaborada e sofisticada, concretizada em expressividade visual que une e transforma concepção e expressão, transfigurando-as esteticamente, em cor carregada e traços flexíveis e envolventes, de criatividade pessoal única, transmitindo simultaneamente a sanguinolência da guerra, a perspicácia da percepção autoral e a beleza da materialização visual, transformadora do horror e de seu conteúdo e sentido em arte.
Guido Bilharinho

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